e eu?

Mas é que no meio de tanta gente com personalidades tão fortes..
tão sabedoras de si...
tão certas e certeiras.
mestres na arte de se mostrar...
eu me perco nesse tufão de originalidade.
eu que sou eu... sempre mais de mim...

a última opaca nessa terra de transparências...

do Chico Buarque !

(...)Assim a mulher intensa que é Joana da peça Gota d’Água pode ter sua antepassada na personagem feminina de Sem Fantasia(do primeiro disco de Chico), em que, no confronto masculino-feminino, é a mulher que emerge como o ser forte. Mas para tratar de Joana, tenho que situá-la na peça onde ela aparece, Gota d’Água. Jasão está para abandonar Joana, com quem vive há dez anos e de quem tinha dois filhos, para casar-se com uma jovem rica, Alma, filha do dono do conjunto habitacional em que viviam, e que os explorava, chamado Creoante. E tudo é altamente simbólico, porque a gente percebe que Joana representa o povo brasileiro e Jasão, que é um compositor popular, ao abandona-la está renegando o próprio povo e passando para o ‘outro lado’, o lado dos donos do Poder. Mas paralelamente a essa indispensável interpretação sociológica, há aqui também um confronto masculino/feminino, um debate rude, duro, contundente. É o que pode ser depreendido neste trecho do diálogo Joana/Jasão:

Joana:

Pois bem, você vai escutar as contas que vou lhe fazer;Te conheci moleque, frouxo, perna bamba, barba rala, calça larga, bolso sem fundo
Não sabia nada de mulher nem de samba e tinha um puto dum medo de olhar pro mundo.
As marcas do homem, uma a uma, Jasão, tu tirou todas de mim.
O primeiro prato, o primeiro aplauso, a primeira inspiração,
A primeira gravata, o primeiro sapato de duas cores, lembra?
O primeiro cigarro, a primeira bebedeira, o primeiro filho,
O primeiro violão, o primeiro sarro, o primeiro refrão, o primeiro estribilho.
Te dei cada sinal do teu temperamento.
Te dei a matéria-prima para o teu tutano.
E mesmo essa ambição, que neste momento se volta contra mim, eu te dei, por engano.
Fui eu, Jasão, você não se encontrou na rua
Você andava tonto quando eu te encontrei
Fabriquei energia que não era tua
Pra iluminar uma estrada que eu te apontei
E foi assim,enfim, que vi nascer do nada
Uma alma ansiosa, faminta, buliçosa, uma alma de homem.
Enquanto eu, enciumada dessa explosão, ao mesmo tempo,eu, vaidosa, orgulhosa de ti, Jasão, era feliz
Eu era feliz, Jasão, feliz e iludida, porque o que eu não imaginava, quando fiz dos meus dez anos a mais uma sobrevida pra completar a vida que você não tinha, é que estava desperdiçando o meu alento, estava vestindo um boneco de farinha.
Assim que bateu o primeiro pé de vento, assim que despontou um segundo horizonte, lá se foi meu homem-orgulho, minha obra completa, lá se foi ao acervo de Creonte...
Aproveitador! Aproveitador!

Por seu lado, Jasão reconhece esse feixe de energia que lhe significa Joana. E lhe diz:

Jasão:

Você é viagem sem volta, Joana.
Agora eu vou contar pra você, sem rancor, sem sacanagem.
Porque é que eu tinha que te abandonar
Você tem uma ânsia, um apetite que me esgota.
Ninguém pode viver tendo que se empenhar até o limite de suas forças; sempre, pra fazer qualquer coisa.
É no amor, é no trabalho, é na conversa, você me exigia inteiro, intenso, pra tudo, caralho..
Tinha que olhar pro céu pra dar bom-dia, tinha que incendiar em cada abraço, tinha que calcular cada pequeno detalhe, cada gesto, cada passo, que um cafezinho pode ser veneno e um copo d’água, copo de aguarrás.
Só que, Joana, a vida também é jogo, é samba, é piada, é risada, é paz.
Pra você não, Joana, você é fogo.
Está sempre atiçando essa fogueira,está sempre debruçada pro fundo do poço, na quina da ribanceira, sempre na véspera do fim do mundo.
Pra você não há pausa, nada é lento, pra você tudo é hoje, agora, já.
Tudo é tudo, não há esquecimento, não há descanso, nem a morte não há.
Pra você não existe dia santo e cada segundo parece eterno.
Foi por isso que eu te amei tanto, porque, Joana, você é um inferno.

aí me falam para aproveitar agora, pra fazer valer hoje o tempo perdido de meses atrás...
mas não fui eu quem perdeu o tempo...
foi ele que se perder...

o mundo começa agora...

...o riso continua fácil.
esperança não é só esperar.
tomando posse da minha força...
e confiando na força de quem caminha comigo.
Cuidar da cabeça para que o coração possa ficar melhor.
Na palma da mão a identificação da companhia
e o reconhecimento do início do caminho.

...temos muito ainda por fazer...
o mundo começa agora
apenas começamos!

Comer você...

dilacerar sua carne....

esmiuçar a fibra...

um amor carnal e carnívoro.

trocar o literário pelo literal.

degluitr você!

te colocar pra dentro...

sangue, carne, víscera. morder.. engolir... digerir...

fome carnal...

amor carnívoro!

me sacia?

andando e andando

...achei perfeita a confusão que emana dessa terra
E achei você meio sem sal
Não é que seja uma visão sacana
Mas você, menina, até hoje se ufana
De ter lido Goethe no original
Dispense a carta, mande um telegrama
Chame de orgasmo o que sentiu na cama
E vá rever Viena nesse carnaval
Eu acho leve o tal rock pesado
Acho que ser ou não se ser viado tá ultrapassado
E não me leve a mal
Eu continuo em Copacabana sem saudades suas
Acabou a grana e esse nosso amor que eu já achei bacana
Chega ao seu final
Mudei de tom pra ver se a coisa muda
Mas a melodia hoje não me ajuda
Ai meu Deus, valei
Meu São Jobim me acuda, que esse tom tá mal
E ainda que pese na tua balança
Aquela velha frase que quem corre alcança
Hoje eu vou de táxi, que correr cansa
E eu não tô legal!

Oswaldo Montenegro

Somos todos um...

é o melhor que tá tendo...
é ligar de noite...
é mensagem de dia...
é conversa fiada...
é filosofia de vida.
é falta quando demora a aparecer...
é conversa longa quando está.
é irritação constante!
é vontade de atar fogo ao circo...
é certeza de que ele não deixará o circo incendiar.
é comprometimento em ser humano.
é um número tim pra ligar quando tem crédito.
é toque a cobrar que vai receber retorno.
é conselho firme.
é rabugentice de velho!
é amadurecimento diário.
é impaciência com gente descomprometida!
é reflexo no espelho quando tudo se mostra invertido...

DNA

eu tenho um pai que é o mais bonito deles...
tenho uma mãe que tem o coração maior do mundo...
tenho os meus que vão a frente mostrando meus caminhos...

tirando poeira...

Uma mesma palavra... uma mesma frase começada dá silhueta pra tantas idéias
que acabo por me perder antes do ponto final.
Um outro ser colocou as mãos na rédea e o carro corre rápido com os dois cavalos puxando.
A sensação é que quanto mais caótico mais centrada consigo ficar.
No meio do vendaval é que me vem as visões do que eu preciso.
O ano chegou mudando empregos, pessoas, idéias, planos, sentimentos, ordens, opniões...
Vem sendo o ano de reconfigurar minha religiosidade.
(E reconfigurar meu cabelo... pq cortá-lo 3 vezes em menos de 2 meses foi meu ápice de 'preocupação' capilar...rs)

Passou festas de fim de ano, carnaval, contrato no hospital, licença para tratamento médico, mudança de casa, aniversário, cabelo longo e enfim o ano começou, o que para mim deveria se tornar uma cadência monótona acaba por me surpreender...
Março já está no final e as mudanças ainda acontecem rápidas...
os dias passam ligeiros e turbulentos e com o mesmo ritmo pessoas se aproximam irremediavelmente ao passo que outras se afastam.

É... só uma atualização nesse blog...
com mais paciência e até conto de cada item.

últimas conclusões...

Jogo do contente é o caralho!!!
Pollyana louca e inconsequente!
Jogo do contente é o caralho!!!